Quem somos
O SINTEST/AC é o Sindicato dos Trabalhadores Técnicos-Administrativos em Educação do Terceiro Grau do Acre. Fundado em 1990, temos uma longa história de luta e defesa dos direitos dos nossos membros, tanto dentro quanto fora da Universidade Federal do Acre (UFAC). Nossa missão é garantir condições dignas de trabalho e representar os interesses dos técnicos-administrativos da educação em nível superior no estado.
Nossa Atuação
Como sindicato, estamos constantemente engajados em negociações coletivas, buscando melhorias salariais, condições de trabalho mais seguras e benefícios para nossos associados. Além disso, promovemos atividades de formação, debates e ações que visam fortalecer a categoria e ampliar a conscientização sobre questões relevantes para os trabalhadores da educação.
Compromisso e Transparência
Valorizamos a transparência em nossa gestão e o compromisso com a ética sindical. Estamos sempre abertos ao diálogo com nossos filiados e à comunidade acadêmica, buscando construir um ambiente de trabalho mais justo e democrático. Junte-se a nós nesta jornada de lutas e conquistas em prol dos técnicos-administrativos em educação do Acre.
Fala do Presidente
Companheiros e companheiras.
É importante começar com essas duas expressões, não por fatores jocosos, por deliberações classistas ou por ritos. A palavra companheiro vem de muito tempo, do latim, “cum pannis”, aquele que acompanha à mesa. E é isso que fazemos diariamente: dividimos esse espaço para que possamos prover nossas famílias, dividimos nossas alegrias, nossas tristezas, nossas vitórias e derrotas, dividimos o pão, e nossas lutas. E como temos lutas a travar, não é? A História do Brasil mesmo é marcada por lutas e revoltas populares, lá do século 16 com a Confederação dos Tamoios (de 1562), passando pela Insurreição Pernambucana (em 1645), até a Inconfidência Mineira (em 1789), da Guerra de Canudos (em 1896), à Revolução Constitucionalista de 1932 e o Impeachment do ex-presidente Fernando Collor em 1992. Os movimentos sociais no Brasil têm uma história marcada por grandes lutas e embates realizados contra governos autoritários e luta pela liberdade e democracia. 1 Sem falar de 21 anos roubados de pessoas que lutaram e sacrificaram muita coisa por diversos direitos, entre 1964 e 1985.
Nesse processo de revolta, os movimentos sindicais, as mulheres feministas organizadas, o movimento negro, dentre outros, exerceram papel fundamental, principalmente com a contribuição das “Universidades e a inserção e consolidação dos cursos de Ciências Sociais e a reforma pedagógica dos cursos, que propiciaram um pensamento mais crítico frente à interpretação de nossa realidade.”3 E não é concebível negar “que os movimentos sociais dos anos 1970/1980, no Brasil, [tenham contribuído] decisivamente, via demandas e pressões organizadas, para a conquista de vários direitos sociais, inscritos em leis na nova Constituição Federal de 1988”. O movimento de oposição e contestação ao regime militar tinha um propósito claro: a defesa dos valores do Estado democrático e crítica a toda forma de autoritarismo estatal.
E hoje travamos uma verdadeira guerra de informações, para qual nosso grande desafio é aprender a transformar em conhecimento da realidade todo ruído que vem da internet, com base essencial na ciência. Chegamos a um momento no qual alguns parecem viver em um universo paralelo, incapazes de discernir o que é informação e o que é desinformação. E nesse sentido os movimentos sociais têm o papel fundamental de traduzir esses ruídos informacionais em expressão da realidade.
A ideia é não me estender muito, mas preciso propor alguns tópicos a vocês, para que possamos compreender que aqui não há uma mera intenção de obtenção de status ou poder, para alavancar alguma bandeira partidária, ou promoção política ou capitalização de vantagens pessoais diante da gestão ou políticos.
Queremos acima de tudo restaurar o sentimento de coletividade; retirar da equação as indesejáveis ações individuais travestidas de coletivas – onde mais promoveram indivíduos que se apropriaram do coletivo para sua autopromoção (em especial com o que aprendemos amargamente nessa pandemia); e, por fim, fazer uma viagem de autoconhecimento sindical e tentar a partir daí sair desse ciclo vicioso de abusar do poder coletivo em interesse próprio, para gerar novas lideranças, preparadas e focadas no interesse coletivo, em uma visão de futuro – pois não esqueçamos: nosso conforto de hoje foi conquistado com lágrimas de ontem.
Nosso dever é, acima de tudo, honrar e manter esses direitos conquistados e avançar para novas vitórias, sob lágrimas e luta, passando adiante o direito coletivo, passando adiante igualmente a cultura de que pensar no próximo é uma forma de pensar em si também.
- SENSO DE COLETIVISMO X INDIVIDUALISMO;
Não sou saudosista, nem é pelo saudosismo, mas me recordo sempre com pesar de quantas pessoas derramaram sangue e até deram suas vidas lutando pela garantia de direitos fundamentais que adornam nossa Constituição; por direitos trabalhistas que hoje vemos ser rasgados por aqueles que dizem nos representar nas casas parlamentares e por vezes com apoio dos próprios trabalhadores e trabalhadoras. E é nosso dever aqui lembrar, não por saudosismo, mas por reverência aos que lutaram antes mesmo de termos consciência do que é coletivo. Lembrar é acima de tudo honrar e admirar.
E sejamos justos: é impossível não admirar o senso de coletivismo que permeava os movimentos sociais até pouco tempo atrás. Senso esse que vem cada vez mais cedendo espaço ao egocentrismo e ao individualismo, que representam um sério risco à manutenção desses direitos conquistados com luta, suor e dor.
A ausência desse senso coletivo, associada à predileção de muitos por satisfazer suas necessidades individuais e imediatas, certamente compõem a raiz dos retrocessos que se impuseram nos últimos anos, tanto no que diz respeito aos ganhos sociais, quanto no que se refere aos direitos trabalhistas, principalmente nas últimas duas gestões federais.
E aqui, para concluir esse primeiro tópico, vou citar como ponto de reflexão o que disse Voltairine de Cleyre: feminista e ativista anarquista americana: “Os trabalhadores têm de aprender que seu poder não está na força do seu voto, mas na sua habilidade de parar a produção”.
Sofremos muitos revezes com esse equívoco de muitos que adentraram no movimento sindical como uma forma de capitalizar sua imagem diante dos que estavam no poder, e após isso, abandonaram o movimento entregando-se totalmente a atender seus interesses individuais. Erros já ocorreram e o passado não pode ser modificado, a meta agora é seguir adiante e não cometer novas falhas.
- O INDIVIDUALISMO E A PANDEMIA;
Vivemos recentemente um período tenebroso na história do Brasil e do mundo, marcado pela pandemia da Covid-19. Crise essa que no Brasil foi agravada pela irresponsabilidade de gestores públicos que – esses sim saudosistas por um regime autoritário e nefasto –, uniram forças com outros segmentos da sociedade em busca de satisfazer seus desejos autocráticos, por dinheiro e poder.
Infelizmente esse período também nos levou a um retrocesso, inclusive, nas relações sociais e na interação com outros países, abatendo até nossas relações pessoais com amigos, colegas, parentes e vizinhos. Fomos tragados pelo obscurantismo e pelo culto personalista que nos fez regredir muitas vezes até chegarmos perto do estado da barbárie.
Não é de admirar que chegamos aonde estamos, mesmo com todo avanço que obtivemos na ciência, na tecnologia, na educação e nas relações sociais, muitos ainda permanecem apegados a meados do século 20, assim como também vemos diversas pessoas e personalidades fazendo apologia a práticas do século 19.
Estamos em um momento onde aprendemos que não importa o que conquistamos, não importa a influência, o status ou a autopromoção feita: a pandemia mostrou o quanto faz falta o outro – que o coletivo nos faz falta, que aglomerar é bom, mesmo querendo sermos mais e mais individualistas. Uma pena que precisamos perder mais de meio milhão de vidas para percebermos o óbvio: somos todos do mesmo coletivo, sofrendo as mesmas derrotas e comemorando as mesmas vitórias – e o mundo atual nos fez esquecer e deixar de desejar isso.
Como diz a frase do pseudônimo coletivo Luther Blissett:
Os escravos do século XXI não precisam ser caçados, transportados e leiloados através de complexas e problemáticas redes comerciais de corpos humanos. Existe um monte deles formando filas e implorando por uma oportunidade de trocar suas vidas por um salário de miséria. O “desenvolvimento” capitalista alcançou um tal nível de sofisticação e crueldade que a maioria das pessoas no mundo tem de competir para serem exploradas, prostituídas ou escravizadas.
- FALÊNCIA DAS LIDERANÇAS SINDICAIS;
Nesse sentido, também devemos enquanto instituição sindical fazer uma autoanálise, sobretudo no que diz respeito às lideranças e à forma como foram construídas as relações “trabalhador x patrão”. Ao longo desse meio século surgiram o peleguismo e o sindicalismo pelego, que nada mais são que o atrelamento de lideranças sindicais e até mesmo de trabalhadores de base ao assédio moral e aos desmandos dos patrões, uma verdadeira versão moderna do “capitão do mato”.
Vendidos e subjugados aos patrões e muitas vezes envoltos em uma série de escândalos de corrupção e porque não dizer também, departamentalizados e segregados em suas lutas, esse cenário levou à “falência” dos sindicatos e das lideranças sindicais. O que nos remete à necessidade de pensar conjuntamente em como modernizar a forma de atuação dos sindicatos, mas principalmente, nos desafia a reaprender como fazer o movimento sindical e a transformar o pensamento de trabalhadores e trabalhadoras que se encontram contaminados pelo discurso do individualismo.
É evidente que as experiências negativas na luta pelos direitos trabalhistas não podem, nem devem ter maior importância que as positivas. Como dito no início, na luta pela conquista desses direitos, inúmeros trabalhadores e trabalhadoras, líderes sindicais e estudantes marcaram a história com empenho e vigor, em prol dessas conquistas. E essa também é uma realidade que condiz com o histórico de luta e protagonismo, que o SINTEST/AC sempre desempenhou junto à FASUBRA em prol dos servidores e servidoras das Instituições Federais de Ensino Superior.
Citando o filósofo, biólogo e antropólogo inglês Herbert Spencer: “A educação deve formar seres aptos para governar a si mesmos e não para ser governados pelos outros.” Em outras palavras, todas as conquistas dos trabalhadores são fruto de lutas incansáveis, a partir dessa capacidade do trabalhador de compreender seu papel no contexto social, como sujeito de direitos e deveres.
E é nesse contexto, que quero aproveitar a oportunidade para homenagear (sem citar nomes para não correr o risco de cometer alguma injustiça) as grandes lideranças sindicais que exerceram suas atribuições à frente do nosso Sindicato com dedicação e responsabilidade. Em prol dessa homenagem, é que prevemos no nosso plano de gestão a criação de um memorial das diretorias que construíram essa entidade que é referência no Estado e no País, preservando sua história e servindo de inspiração para as próximas lideranças desse movimento.
Entendo que o processo de renovação de lideranças entre os servidores técnico-administrativos nesta Universidade, teve um momento de pujança na última década, com um período de arrefecimento depois de 2018 e de adormecimento e até retrocesso a partir de 2019, fruto principalmente da resistência das lideranças contemporâneas à renovação, asfixiando as novas lideranças começaram a surgir.
Chegamos então a este momento tão sonhado e desejado por muitos que hoje vejo aqui presentes, consciente de suas desfiliações em virtude da insatisfação com a forma como se conduziu este Sindicato especialmente em gestões anteriores, mas com o coração cheio de esperança de que dentro em breve contaremos com suas valiosas contribuições para o desenvolvimento da nossa Entidade Sindical.
Gratificados pela ombridade do último ex-presidente em abraçar a renovação, como disse em algumas oportunidades a ele: Ainda que tardiamente. Estamos ávidos a dedicar nosso tempo e nossas competências em favor do SINTEST. Nesse novo momento, convidamos todos os servidores e servidoras a reconstruir as bases de um Sindicato forte, atuante e representativo. Como sempre digo: Não se faz movimento sindical com a diretoria, mas com uma base forte e engajada.
Nosso papel enquanto Diretoria é organizar os trabalhadores(a) e apoiá-los nas lutas, seja por melhores salários ou melhores condições de trabalho, momento em que destaco um dos objetivos deste Sindicato, indicado no nosso estatuto atual, que é: “implementar a organização da categoria por local de trabalho”. Vejo nesse objetivo um grande potencial de descobrirmos como aprimorar a atuação do SINTEST, inclusive no que diz respeito à integração com outras entidades sindicais e outros movimentos organizados, a exemplo da nossa coirmã ADUFAC, do DCE e dos Centros Acadêmicos que integram a comunidade universitária.
O movimento sindical nas Universidades carrega uma inquietante peculiaridade: a de que nosso “empregador” também é um trabalhador, seja técnico administrativo ou docente. E nesse incômodo cenário entre trabalhadores que lideram e que são liderados, buscaremos estabelecer uma relação de cordialidade e respeito com a Reitoria e as Pró-Reitorias, o que não pode e nem deve ser confundido com subserviência ou fraqueza. E ainda que os postos de trabalho no serviço público estejam tomados por trabalhadores terceirizados, com os quais nos solidarizamos pela fragilidade de suas relações trabalhistas, este Sindicato estará sempre pronto para dentro de nossas limitações, liderar os servidores e servidoras desta Universidade, para parafraseando Voltairine de Cleyre “parar a produção.”
- IDENTIFICAR E PREPARAR NOVAS LIDERANÇAS;
Nosso grande desafio de adequar a forma de fazer o movimento sindical às novas realidades perpassa, obrigatoriamente, pela identificação e preparação de novas lideranças sindicais no quadro de servidores da UFAC. Motivo pelo qual convidamos mais uma vez, todos e todas, a se juntarem a nós e a nos ajudar a construir o Sindicato que vocês precisam e merecem.
Compreendemos os desafios que se apresentam, ainda que com um governo de cunho mais democrático, mesmo porque o capital se impõe e prioritariamente se opõe às conquistas trabalhistas que as gerações anteriores conseguiram forjar. Assim, nessa gestão perseguiremos dentre outras coisas, alcançar quatro macro objetivos: 1) Resgatar o espírito de Lutas que é inerente ao movimento sindical; 2) Que nossos servidores(as) sintam orgulho de ser filiados ao SINTEST; 3) Aperfeiçoar a comunicação com os nossos sindicalizados; 4) Propiciar melhores condições de trabalho, saúde e lazer aos servidores da UFAC por meio de conciliação com a Reitoria, e, da realização de acordos, convênios e parcerias com outras entidades, públicas ou privadas.
Por fim, esse novo sindicato que tanto almejamos não se fará sem algumas mudanças estruturais, que obrigatoriamente começam com a reformulação do Estatuto e a criação de um arcabouço moderno de regimentos e regulamentos, alinhados com a nova realidade que se impõe e as tecnologias desses tempos modernos, que devem servir como ferramentas para aprimorar a organização dos trabalhadores(as), otimizar a comunicação dentro e fora da Universidade e a transparência no uso dos recursos disponibilizados por cada sindicalizado.
Estejamos preparados para vitórias e derrotas. Não esqueçam: O sofrimento não alcança somente os maus, os perversos… o sofrimento alcança os bons. Teremos muitas vitórias, mas nos depararemos também com algumas derrotas que nos farão sofrer. Mas não vamos esmorecer, tentemos aproveitar o sofrimento e ver a lição que ele vem trazer. Juntos poderemos ter uma visão mais certa das coisas que ocorrem na vida. Seja vitória, seja derrota, o importante é estarmos juntos, pois juntos seremos fortes – e se formos fortes meus companheiros e companheiras, quem se contrapõe hoje poderá até continuar a fazê-lo, mas o fará nos respeitando como antagonistas iguais. Aos que não nos respeitarem, a eles só nos resta a luta.